Histórico das Carreiras de Gestão

As carreiras de gestão pública do Estado de São Paulo – Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas (APOFP) e Especialista em Políticas Públicas (EPP) – foram instituídas pela Lei Complementar nº 1.034/2008, como parte de um projeto de reforma administrativa voltado ao fortalecimento do núcleo estratégico do Estado. Essa iniciativa respondeu a um diagnóstico claro: a administração pública paulista carecia de quadros permanentes, altamente qualificados e protegidos contra ingerências políticas, capazes de atuar nas funções típicas e especializadas de Estado.

Por que criar carreiras de gestão?

Antes da criação dessas carreiras, as funções de planejamento, orçamento e formulação de políticas públicas eram desempenhadas, em grande parte, por servidores comissionados ou por cargos administrativos de perfil generalista. Esse modelo apresentava fragilidades: alta rotatividade, falta de especialização e dependência de orientações políticas imediatas. Estudos realizados no âmbito do PNAGE e do Comitê de Qualidade da Gestão Pública apontaram que:

  • A área de planejamento e gestão era a mais carente de pessoal qualificado.
  • Havia excesso de cargos comissionados (27,18% contra 3,35% na média do setor público paulista).
  • A média etária dos servidores era elevada, indicando risco de descontinuidade.
  • Faltava integração entre planejamento, orçamento e políticas públicas.

Para enfrentar esses desafios, o Estado optou por criar carreiras estratégicas, com ingresso por concurso público, formação específica e atribuições voltadas à alta complexidade técnica.

Natureza e papel das carreiras de gestão

As carreiras de gestão possuem uma lógica funcional distinta das carreiras administrativas. Enquanto estas se concentram na execução e apoio operacional da máquina pública, as carreiras de gestão atuam na centralidade das decisões estratégicas, abrangendo:

  • Formulação e planejamento (PPA, LDO, LOA, planos setoriais e regionais).
  • Gerenciamento do processo orçamentário e financeiro.
  • Desenvolvimento, acompanhamento e avaliação de políticas públicas.
  • Estruturação de sistemas de controle interno e contratos de gestão.

Trata-se de um quadro novo, enxuto e altamente especializado, composto por cerca de 370 servidores ativos (dos quais 130 em cargos e funções comissionadas), além de 2 aposentados. Em contraste, o quadro administrativo reúne aproximadamente 1.900 servidores ativos e mais de 1.000 aposentados, com atribuições voltadas à administração geral, tecnologia, infraestrutura e atendimento.

Essa diferença de escala e de natureza funcional explica por que as carreiras de gestão são consideradas típicas de Estado: elas integram o núcleo estratégico responsável por garantir que as políticas públicas sejam planejadas, executadas e avaliadas com rigor técnico, transparência e responsabilidade fiscal.

Início das carreiras e organização associativa

Os primeiros concursos ocorreram em 2009 e 2010, reunindo centenas de candidatos e marcando o início de uma trajetória de integração e colaboração. Desde a fase preparatória, os futuros servidores utilizaram redes sociais para compartilhar informações e construir vínculos. Dessa mobilização, surgiram iniciativas para criar entidades representativas, fundamentais para consolidar carreiras novas e estratégicas.

Em abril de 2010, foi fundada a Associação dos Gestores Públicos do Estado de São Paulo (AGESP), representando os APOFPs. Pouco depois, em junho de 2010, os EPPs criaram a Associação dos Especialistas em Políticas Públicas (AEPPSP), com adesão maciça da primeira turma. Ambas nasceram com o propósito de fortalecer institucionalmente suas carreiras, promover a valorização dos servidores e contribuir para o aprimoramento da gestão pública paulista.

Missão compartilhada e fusão das associações

Desde o início, as duas associações atuaram de forma colaborativa, convencidas de que a união das carreiras é essencial para ampliar sua capacidade de interlocução com governo e sociedade. Essa convergência culminou na fusão das entidades, consolidando em novembro de 2025 a AGESP como representante única das carreiras de gestão pública do Estado de São Paulo.

Um legado para o futuro

A criação e consolidação dessas carreiras representam um marco na profissionalização da gestão pública paulista. Elas asseguram que decisões estratégicas sejam tomadas com base em critérios técnicos, protegendo o Estado contra improvisações e garantindo políticas públicas mais eficazes. Preservar essa especialização é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos, que exigem soluções complexas e visão de longo prazo.